Ciclone Gabrielle aproxima-se dos Açores com ventos de até 120 km/h e ondas de 8 metros. Saiba riscos, impactos econômicos, ambientais e medidas de prevenção.
O ciclone Gabrielle, que se formou recentemente no Atlântico, está a deslocar-se em direção ao arquipélago dos Açores, trazendo consigo ventos fortes, chuvas intensas e mar agitado. A previsão do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) indica que o sistema passará muito próximo das ilhas do Faial, Terceira, São Jorge, Graciosa e Pico, sobretudo nas próximas 24 a 48 horas.
Apesar de ter sofrido um ligeiro desvio na trajetória, o Gabrielle continua a representar riscos elevados para os habitantes do arquipélago.
Trajetória Atualizada do Ciclone Gabrielle
Segundo dados divulgados pelo IPMA, o Gabrielle mantém uma trajetória em direção ao nordeste, com características ainda tropicais. Embora tenha perdido parte da sua força inicial, permanece classificado como um sistema com ventos muito fortes e risco de tempestades severas.
O centro da tempestade deverá passar a curta distância das ilhas centrais dos Açores, criando condições adversas que incluem chuvas persistentes, ventos destrutivos e ondas de grande altura.
Riscos Meteorológicos Identificados
O diretor do IPMA nos Açores, em entrevista à RTP Notícias, destacou os principais riscos associados ao ciclone:
- Rajadas de vento superiores a 120 km/h, capazes de derrubar árvores, telhados e postes de eletricidade.- Chuva intensa e contínua, com risco de inundações rápidas em zonas urbanas.
- Ondas que podem ultrapassar os 8 metros, afetando sobretudo portos e áreas costeiras.
- Probabilidade de deslizamentos de terra, principalmente em zonas íngremes e vulneráveis.
Impactos no Transporte e na Mobilidade
As companhias aéreas TAP e SATA emitiram comunicados alertando para possíveis atrasos e cancelamentos nos voos de e para os Açores. Passageiros são aconselhados a confirmar o estado das ligações antes de se deslocarem para os aeroportos.
No transporte marítimo, a situação não é diferente. A forte agitação do mar poderá forçar a suspensão temporária de serviços de ferry entre ilhas, dificultando a mobilidade de pessoas e mercadorias.
Preparativos da Proteção Civil e da População
A Proteção Civil dos Açores ativou planos de contingência e reforçou a comunicação com as autoridades locais. Entre as medidas preventivas, destacam-se:
- Reforço de portas e janelas para suportar rajadas de vento.- Recolha de objetos soltos em quintais e varandas, que podem ser projetados.
- Abastecimento de água e alimentos não perecíveis, prevenindo cortes de energia.
- Evitar deslocações desnecessárias durante o pico da tempestade.
- Monitorização constante de alertas oficiais em rádios, televisões e plataformas digitais.
Histórico de Tempestades nos Açores
O arquipélago dos Açores tem histórico de enfrentar tempestades tropicais e ciclones que atravessam o Atlântico. Em 2019, o furacão Lorenzo provocou graves estragos, incluindo destruição de infraestruturas portuárias e danos em habitações.
Embora o Gabrielle não deva atingir a mesma intensidade de Lorenzo, as condições previstas são suficientemente graves para gerar preocupações. O facto de afetar várias ilhas povoadas aumenta a necessidade de preparação.
Impactos Econômicos Esperados
Os efeitos do ciclone Gabrielle poderão refletir-se em diferentes setores da economia açoriana:
- Agricultura: plantações de milho, batata-doce e culturas hortícolas podem sofrer perdas devido à chuva intensa e ventos fortes.- Pecuária: ventos podem danificar estruturas de apoio como estábulos e armazéns de ração.
- Pesca: a agitação marítima obrigará ao recolhimento de embarcações e à interrupção temporária da atividade pesqueira.
- Turismo: cancelamentos de voos e restrições de mobilidade podem afetar hotéis e restaurantes, especialmente nesta fase do ano em que ainda se recebem visitantes.
- Infraestruturas: estradas secundárias, linhas elétricas e pequenas pontes estão em risco de sofrer danos.
Estes impactos poderão exigir um esforço de recuperação semelhante ao de outras tempestades recentes, com custos elevados para os cofres regionais e nacionais.
Impactos Ambientais Potenciais
Além dos danos materiais, o Gabrielle pode ter consequências ambientais significativas:
- Erosão costeira, devido à força das ondas que atingirão áreas de falésias e praias.- Contaminação de cursos de água por enxurradas que arrastam detritos e resíduos.
- Perda temporária de biodiversidade marinha e terrestre, sobretudo em habitats frágeis.
- Danos em áreas protegidas, como parques naturais e reservas, que poderão levar anos a recuperar.
Estes efeitos reforçam a necessidade de um acompanhamento ambiental pós tempestade, a fim de avaliar e mitigar os impactos a longo prazo.
Perspectivas Para os Próximos Dias
Meteorologistas indicam que o Gabrielle deverá enfraquecer gradualmente ao afastar-se dos Açores em direção ao Atlântico Norte. A expectativa é que o sistema perca características tropicais e se transforme em uma tempestade extratropical.
Ainda assim, o período crítico para os Açores será nas próximas 48 horas, durante as quais a população deve manter-se em alerta máximo.
Conclusão
O ciclone Gabrielle chega como mais uma prova da vulnerabilidade dos Açores perante fenómenos meteorológicos extremos. Apesar de não ser esperado o pior cenário, os riscos para a população, a economia e o meio ambiente são reais.
O cumprimento das recomendações oficiais e a preparação prévia podem fazer a diferença na redução de danos. Para além das medidas imediatas, o evento deve servir de alerta sobre a importância da resiliência climática, uma vez que fenómenos deste tipo tendem a tornar-se mais frequentes com as mudanças climáticas globais.