Em Chibuto, província de Gaza, milhares de crianças estudam em condições precárias, sem livros e em salas improvisadas. Saiba mais sobre os desafios e os investimentos em educação.
Introdução
Apesar dos avanços tecnológicos e sociais do século XXI, milhares de crianças em Chibuto, província de Gaza, continuam a estudar em condições insuficientes para uma educação de qualidade. Estima-se que mais de dois mil alunos tenham aulas ao ar livre ou em salas improvisadas, enquanto cerca de 400 estudantes da quarta classe ainda aguardam pelos manuais de Português.
A realidade nas escolas do distrito evidencia a desigualdade no acesso à educação e os desafios enfrentados por professores e alunos em contextos de infraestrutura precária.
A Situação nas Escolas
A Escola Primária Francisco Manyanga é um exemplo das dificuldades enfrentadas. As salas são construídas com chapas de zinco, tornando o ambiente vulnerável a chuvas, vento e temperaturas extremas. O aluno da quarta classe, Quesito Francisco, relata seu desejo de estudar em condições melhores:
"A nossa sala é feita de chapas de zinco. Eu queria mudar para uma sala boa."
Além das salas improvisadas, a falta de recursos pedagógicos é crítica. Carteiras e livros são insuficientes, forçando os alunos a partilhar materiais. Em alguns casos, três crianças dividem o mesmo manual, tornando difícil o acompanhamento das aulas e o desenvolvimento de atividades individuais.
Impacto no Ensino
O professor Efigénio Alfredo explica que as condições precárias comprometem significativamente a aprendizagem:
"Quando chove ou há vento, as chapas fazem muito barulho. Isso distrai os alunos e atrapalha as aulas. A falta de livros também dificulta os trabalhos de casa, porque nem todos têm como estudar sozinhos."
Além disso, a falta de materiais gera situações de constrangimento entre os alunos, incluindo provocações ou agressões por não possuírem os livros necessários. O diretor da escola, António Bendzane, reforça que os manuais disponíveis estão danificados e não conseguem atender à demanda das seis turmas da instituição, das quais cinco funcionam em condições bastante frágeis.
Desafios para Professores e Alunos
A precariedade afeta não apenas a infraestrutura, mas também a motivação e desempenho dos professores. O ambiente ruidoso e desconfortável dificulta a condução das aulas, e a escassez de materiais pedagógicos limita a diversidade de métodos de ensino.
Os alunos, por sua vez, enfrentam desafios para acompanhar o currículo. Muitos dependem de aulas presenciais para aprender, já que em casa não têm recursos para estudar de forma independente. Essa situação perpetua desigualdades educacionais, prejudicando o desenvolvimento acadêmico e social das crianças.
Iniciativas e Investimentos
Apesar do cenário, há sinais de mudança. O município de Chibuto, em parceria com o Banco Mundial, está investindo cerca de 37 milhões de meticais para melhorar a rede escolar. O projeto inclui:
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Reabilitação de quatro salas de aula;
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Reestruturação do bloco administrativo;
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Construção de novas casas de banho;
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Aquisição de novos livros e materiais pedagógicos.
O presidente do município, Henriques Machava, acredita que os investimentos trarão mudanças significativas:
"Mais de duas mil crianças vão deixar de estudar em condições precárias. Já temos resultados na Escola 25 de Junho, onde mais de mil alunos passaram a ter aulas em salas condignas."
Benefícios Esperados
A melhoria da infraestrutura escolar promete impactos positivos imediatos e de longo prazo. Entre os benefícios esperados estão:
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Maior conforto e segurança nas salas de aula;
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Redução de distrações causadas por ruídos externos;
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Acesso adequado a livros e materiais de estudo;
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Maior motivação de alunos e professores;
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Melhor desempenho acadêmico e social das crianças;
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Fortalecimento da confiança da comunidade no sistema educacional.
Essas ações podem ajudar a quebrar o ciclo de desigualdade e oferecer às crianças de Chibuto oportunidades reais de desenvolvimento.
Desafios Ainda Pendentes
Mesmo com os investimentos, existem desafios que ainda precisam ser enfrentados:
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Garantir a manutenção das salas e materiais;
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Ampliar o número de professores capacitados;
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Acompanhar regularmente o impacto dos investimentos;
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Expandir projetos de educação complementar e apoio psicológico;
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Engajar famílias e comunidade para apoiar a aprendizagem.
Uma abordagem integrada, envolvendo governo, sociedade civil e parceiros internacionais, é essencial para assegurar que as melhorias sejam duradouras.
Conclusão
As crianças de Chibuto enfrentam desafios sérios para receber uma educação de qualidade, incluindo falta de livros, salas inadequadas e recursos limitados. A realidade na Escola Primária Francisco Manyanga e em outras instituições do distrito evidencia a necessidade urgente de investimentos e políticas públicas eficazes.
O projeto de reabilitação em curso, apoiado pelo Banco Mundial, representa um passo importante para transformar o cenário educacional. Com salas adequadas, materiais suficientes e um ambiente seguro, milhares de crianças terão finalmente a oportunidade de aprender e se desenvolver plenamente.
A expectativa é que, no futuro próximo, Chibuto se torne referência em educação infantil na província de Gaza, garantindo que todos os estudantes tenham acesso a condições dignas de ensino e aprendizado.
